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Conflito Israel-Palestina

Os partidos palestinos Fatah e Hamas anunciam a reconciliação

Israel bombardeia o norte de Gaza e deixa uma dezena de feridos depois do pacto de unidade Eleições para o Governo foram convocadas daqui a seis meses

Membros das facções Hamas e a OLP anunciam a reconciliação.
Membros das facções Hamas e a OLP anunciam a reconciliação.SUHAIB SALEM (REUTERS)

Hamas e a Organização para a Liberação da Palestina (OLP) assinaram nesta quarta-feira o final de quase sete anos de rivalidade. Segundo anunciaram as partes em uma coletiva de imprensa em Gaza, a reconciliação será formalizada antes de cinco semanas, com a instauração de um Governo de unidade, que presidirá de forma interina o atual presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) e o líder da OLP, Mahmud Abbas. Sua primeira medida será convocar eleições legislativas conjuntas em Gaza e Cisjordânia. As últimas ocorreram em 2006. Os palestinos se deram agora meio ano de prazo para organizar as próximas, depois que o Governo de unidade seja aprovado pelo Parlamento.

Depois do anúncio, o primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, cancelou uma reunião entre os representantes de seu Governo e a OLP, prevista para esta quarta-feira à tarde. Foi o primeiro sinal de alarme diante de um acordo anunciado apenas uma semana antes de que termine o prazo fixado para as negociações de paz entre Israel e a ANP de Abbas. Netanyahu acusou Abbas de ter "escolhido Hamas ao invés da paz".

A organização islâmica Hamas controla a Faixa de Gaza e não reconhece a existência de Israel. Desde 2007 até hoje, negou também a legitimidade do Governo de Abbas em Ramala (Cisjordânia).

A reconciliação anunciada entre Hamas e a OLP se baseia nos acordos prévios feitos pelas facções palestinas em reuniões no Cairo e Doha, em 2012, que nunca chegaram a ser aplicados.

Ainda restam pontos abertos no acordo e pese a estes precedentes pouco amigáveis, os palestinos garantem ter dado um passo definitivo para resolver o cisma político e administrativo que nos últimos sete anos separaram a Cisjordânia, administrada pela Autoridade Nacional Palestina presidida por Abbas, da Faixa de Gaza. Submetida a um isolamento contundente de Israel, Gaza ficou sob o controle do Hamas quando os islamitas expulsaram violentamente seus rivais em 2007.

Tanto os delegados da OLP nas negociações como o líder do Hamas e chefe do Governo de Gaza, Ismail Haniyeh, disseram que Mahmud Abbas presidirá também o Governo de unidade. Haniyeh assegurou aos jornalistas que estavam em Gaza que está "feliz de proclamar o final do período de separação dos palestinos".

A aviação israelense atacou nesta quarta-feira objetivos no norte da Faixa de Gaza, minutos depois do anúncio de reconciliação. Fontes do Exército israelense descreveram como uma "operação antiterrorista". A agência France Presse fala de seis feridos, um deles grave. As celebrações populares em Gaza pelo acordo que pretende recuperar a convivência entre o islamita Hamas e os laicos de Al Fatah, o partido de Mahmud Abbas e a principal força política na OLP, ficaram manchadas.

Antes de que se anunciasse o pacto inesperado, o primeiro ministro israelense reiterou sua oposição a qualquer acordo com o Hamas. Repetiu Netanyahu aos seus interlocutores palestinos que Abbas deve "decidir se busca a paz com Israel ou com Hamas". As conversas entre Israel e a ANP se arrastam desde julho passado. Apesar da tutela norte-americana, ainda não conseguiram sequer definir uma prorroga negociadora para além da terça-feira que vem. O acordo entre o Hamas e a OLP pode ser interpretado como uma forma de pressão por parte de Abbas nas negociações de paz. Agora estão por um fio.

Os Estados Unidos avisaram que somente reconhecerão um futuro Governo de unidade palestino que reconheça o Estado de Israel, renuncie a violência e aceite os acordos assinados pela ANP. Fontes do governo norte-americano, citadas pelo jornal israelense Haaretz afirmam que estas condições "determinarão" sua relação com o Governo palestino de unidade anunciado nesta quarta.

Há duas semanas, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, ameaçou abandonar seu papel de mediador diante da paralisia de israelenses e palestinos, que não avançavam em suas eternas negociações.

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