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Cameron, Miliband e Clegg prometem mais autonomia à Escócia

Os líderes dos principais partidos britânicos assinam uma carta conjunta em defesa do “não” Eles afirmam que entregarão “amplos novos poderes” a Edimburgo

Miliband, Clegg e Cameron, no Parlamento britânico em fevereiro.
Miliband, Clegg e Cameron, no Parlamento britânico em fevereiro.O. S. (AFP)

A 48 horas da votação no referendo pela independência da Escócia, os líderes dos três principais partidos unionistas britânicos se comprometeram, em uma carta assinada conjuntamente e de forma solene, a estender os poderes autonômicos da Escócia se os eleitores rejeitarem a opção pela independência na quinta-feira.

A mensagem destaca que no futuro o atual sistema de compartilhamento regional do investimento público, a chamada fórmula Barnett, será mantido. Os líderes afirmam que, por causa disso e pelos poderes que o Parlamento escocês já tem, “podemos manifestar categoricamente que a última palavra sobre quanto se gasta no NHS [o Serviço Nacional de Saúde] será um assunto do Parlamento escocês”. Eles respondem, assim, às acusações dos nacionalistas de que os cortes de orçamento em Londres acabam atingindo o nível de investimento que o Governo escocês pode fazer no NHS.

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Apesar da grandiloquência da oferta de mais poderes, lançada através do tabloide Daily Record com as assinaturas à mão do conservador David Cameron, do trabalhista Ed Milliband e do liberal-democrata Nick Clegg, o compromisso não se aprofunda além dos princípios gerais. Os três partidos continuam sem dar detalhes sobre quais seriam os poderes adicionais que vêm sendo defendidos há vários dias pelo ministro das Finanças, George Osborne, desde que o “sim” passou à frente do “não” nas pesquisas de intenção de voto.

Na ocasião, o ex-primeiro-ministro trabalhista Gordon Brown lançou um calendário sobre o processo de aprovação desses novos poderes, dos quais apenas se sabe que se referem a impostos, mercado de trabalho e políticas de bem-estar social. O lançamento do calendário permitiu à campanha do “não” anunciar que, com essa opção, os escoceses teriam mais poderes antes do que pelo caminho da independência, já que esta, no melhor dos casos, não será proclamada antes de março de 2016.

Apesar disso, há dúvidas não só sobre o verdadeiro conteúdo da proposta de mais poderes autonômicos mas também sobre a capacidade dos três partidos de entrarem em acordo em relação a um assunto sobre o qual têm visões conflitantes. As bases conservadoras, por exemplo, relutam em estender os poderes da Escócia, e uma parcela significativa do partido acredita que isso abre o debate sobre a possível necessidade de estabelecer um sistema de governo autônomo para a Inglaterra.

Mas os tories são, sim, partidários de ceder à Escócia o controle total da arrecadação fiscal, enquanto os trabalhistas não querem ceder mais do que 15% dessa arrecadação.

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