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Governo brasileiro decide contratar 4.000 médicos cubanos

O objetivo é cobrir a falta de profissionais da saúde nas regiões mais pobres do interior do país

Juan Arias

O governo brasileiro decidiu, nesta terça-feira, contratar 4.000 médicos cubanos, depois de vários desmentidos e de haver anunciado que daria preferência a profissionais espanhóis e portugueses.

O objetivo é cobrir a falta de profissionais da saúde nas regiões mais pobres do interior do país e nas periferias das grandes cidades, onde são necessários 15.460 médicos, segundo a demanda das autoridades locais, e onde os médicos brasileiros resistem em atuar.

A contratação dos médicos da ilha caribenha será feita através da Organização Pan-americana de Saúde.

Dos 4.000 médicos cubanos, 400 chegarão imediatamente. O resto, antes do final do ano. O investimento do governo será de 250 milhões de dólares.

A contratação de médicos cubanos havia sido anunciada e depois desmentida pelo governo brasileiro após os protestos das associações médicas brasileiras. Segundo o Conselho Federal de Medicina, essa decisão “não respeita a legislação, fere os direitos humanos e põe em risco a saúde dos brasileiros, especialmente aqueles que vivem em áreas mais pobres e distantes”.

Os médicos brasileiros afirmaram, desde o primeiro momento, que não se opõem à chegada de médicos do exterior, contanto que eles passem pelo exame de revalidação e saibam falar português, algo que não será exigido dos 4.000 profissionais de Cuba.

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Para as associações médicas, o problema não é que o Brasil tenha falta de médicos, já que conta com cerca de 400.000. O problema, segundo elas, é que nessas áreas pobres do interior os profissionais carecem de infraestrutura suficiente para exercer sua profissão.

A contratação de estrangeiros faz parte do programa lançado pela presidente Dilma Rousseff, o Mais Médicos, que oferece boas condições econômicas para aqueles que decidirem trabalhar onde os médicos brasileiros até agora têm resistido. O programa prevê que os médicos dessas regiões recebam uma bolsa de 10.000 reais (cerca de 4.200 dólares), e auxílio-moradia. Em contrapartida, não poderão migrar para outras cidades. O contrato é de três anos, renovável por outros três.

Os brasileiros teriam preferência, e apenas as vagas restantes seriam preenchidas com médicos estrangeiros. Das 15.400 requisições por médicos para essas localidades periféricas do Brasil apenas 1.618 receberam resposta através do Mais Médicos, ou seja, cerca de 10% do necessário. 67% dos selecionados foram médicos formados no Brasil; o resto, no exterior.

Dos 3.511 municípios que solicitaram médicos, apenas 579 foram escolhidos, e os brasileiros que aderiram ao programa acabaram pedindo mais as cidades litorâneas que as do interior.

Os profissionais cubanos serão enviados às cidades que ainda não foram atendidas.

Dos 522 médicos selecionados com atuação fora do Brasil, 63 já foram recusados por problemas com a documentação. Alguns, inclusive, por referências negativas de ordem moral, como revelou dias atrás o jornal O Globo.

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