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E se Lula fosse o vice de Dilma?

Juan Arias

O ex-presidente Lula da Silva disse mais de uma vez, nas últimas semanas, que não será candidato às eleições presidenciais do ano que vem, embora as pesquisas o apresentem como o único que venceria no primeiro turno. Ele acaba de repetir isso em entrevista recente a este jornal.

E se ele fosse candidato, mas a vice-presidente de Dilma? Esta é a novidade que começa a circular e que poderia ser a solução, dizem, para tranquilizar uma parte do empresariado que não se sente totalmente à vontade com a presidente Rousseff, que a consideram mais intervencionista do que ele.

Como vice-presidente da República, uma figura que tem sido principalmente representativa, Lula agiria de um modo diferente e poderia resolver vários problemas. Seria o melhor intermediário entre a presidente, os partidos aliados e o Congresso, dois nervos que atualmente estão expostos devido ao caráter forte e de certo modo intransigente da mandatária, que culturalmente tem dificuldade em aceitar o velho jogo do “toma lá, dá cá”. Por seu caráter e seu passado de sindicalista, Lula tem mais jogo de cintura para o diálogo e as negociações, ao mesmo tempo em que é mais pragmático e menos ideologizado. De certa forma, Lula se inclina mais pelos acordos e compromissos clássicos da política de coalizão.

A ideia de Lula como vice de Rousseff é parte também de uma anomalia que está ficando em evidência nestas eleições, em que os supostos vice-presidentes ou segundos da lista de candidatos têm mais aprovação nas pesquisas que os titulares.

Lula, que de fato, na prática, nestes quatro anos da presidência de Rousseff agiu como um vice de total confiança, teria mais votos do que ela; Marina Silva, que até o momento é oficialmente a vice-presidente de Campos, também aparece com muito mais aprovação do que ele. E Aécio Neves, o candidato oposicionista que gostaria de ter como vice o veterano José Serra, que já disputou duas eleições presidenciais, aparece nas pesquisas como menos votos do que ele. Uma anomalia que tornar o prognóstico das eleições ainda mais incerto, se é que isto é possível.

É difícil apontar se a solução de Lula como vice-presidente é só um rumor nos corredores da política ou se ele chegou a conversar sobre a possibilidade com alguém.

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O certo é que, segundo os estrategistas políticos, com Lula de vice a reeleição de Dilma estaria garantida, sem precisar disputar o segundo turno, como hoje apontam as pesquisas caso ela se apresente sozinha ante o perigo.

Tradução de Cristina Cavalcanti

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